sábado, abril 28, 2007
domingo, abril 08, 2007
sexta-feira, março 16, 2007
domingo, março 11, 2007
Norte
O NORTE
«Primeiro, as verdades.
O Norte é mais Português que Portugal.
As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.
O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.
As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.
Viana do Castelo é uma cidade clara.
Não esconde nada.
Não há uma Viana secreta.
Não há outra Viana do lado de lá.
Em Viana do Castelo está tudo à vista.
A luz mostra tudo o que há para ver.
É uma cidade verde-branca.
Verde- rio e verde-mar, mas branca.
Em Agosto até o verde mais escuro, que
se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar.
Até o granito das casas.
Mais verdades.
No Norte a comida é melhor.
O vinho é melhor.
O serviço é melhor.
Os preços são mais baixos.
Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia.
Estas são as verdades do Norte de Portugal.
Mas há uma verdade maior.
É que só o Norte existe. O Sul não existe.
As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.
Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.
Não haja enganos.
Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.
Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.
Mas o Norte é onde Portugal começa.
Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.
Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.
Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.
É esta a verdade.
Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.
No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito
estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como Quem não quer a coisa.
O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.
O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a
arranjinho.
Tem esse defeito e essa verdade.
Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é
Impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores(menos portugueses) nessas coisas.
O Norte é feminino.
O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.
As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes -impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de
braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.
São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.
Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.
Só descomposturas, e mimos, e carinhos.
O Norte é a nossa verdade.
Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português
escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.
Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".
Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.
No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto.
Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.
O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm de dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos.
Como se fosse só um nome.
Como "Norte".
Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros.
Porque é que não é assim que nos chamamos todos?
sábado, março 03, 2007
O que seria das praxes portuguesas se fossem como os trotes brasileiros?
Práticas leves
- Raspagem de cabelo (apenas para homens): raspa-se completamente a cabeça do calouro ou apenas tiras, que o obrigam depois a raspar tudo;
- Pintura corporal: pinta-se o rosto, os braços, a camiseta, as calças, com o nome da faculdade e/ou do curso;
- Cotonete: o calouro tem até as próprias orelhas pintadas, seja por ter sido forçado a fazê-lo ou pelos dedos de algum veterano. O nome dessa prática vem do nome comercial de um limpador auricular. Pode danificar o ouvido; todavia, no máximo, deixa a orelha do calouro com a(s) cor(es) da tinta por alguns dias;
- Fila: os calouros são amarrados uns aos outros com cadarços de tênis - obviamente retirados dos tênis dos calouros. Formam uma fila indiana e são levados a um lugar conveniente aos veteranos, ou separados para a prática de outras atividades, tais como o pedágio.
- Elefantinho: Similar à fila, mas os calouros devem dar-se as mãos (passando os braços por entre as pernas) ao invés de serem amarrados.
- Gritar pelo tatu: Nessa prática, muito comum, os veteranos obrigam o bixo a se dirigir ao meio do pátio da instituição em um momento no qual seja relativamente grande a presença de pessoas e erguer alguma tampa de bueiro, boca-de-lobo, ou similar, e gritar incansavemente pelo tatu, o qual é um animal selvagem, e que, com certeza, não compreende nenhum tipo de dialeto falado pelo homem. Como conseqüência o calouro ficará gritando por horas, e, como o tatu não irá aparecer, os veteranos não ficarão satisfeitos, fazendo com que o calouro seja obrigado a pagar umas brejas para os veteranos envolvidos no ato.
- Assustar o lixeiro: Prática que consiste no ato do calouro, previamente escolhido rigorosamente pelo grupo de veteranos se aproximar de um lixeiro qualquer, de preferência em uma área onde seja numerosa a presença de pessoas, e gritar incansavelmente para assustar o lixeiro. O calouro só irá parar quando o grupo de veteranos determinar que realmente o lixeiro se abalou emocionalmente e se moveu.
- Manchar o currículo: Aqui, o veterano passa tinta com pincel ou o próprio dedo na parte glútea ou na região popularmente conhecida como cofrinho dos calouros.
Práticas medianas
- Mergulho: os calouros devem se molhar completamente entrando em piscinas, fontes, etc.
- Pedágio: os calouros devem pedir dinheiro nos sinais aos motoristas para reunir uma quantia que permita aos veteranos tomar bebidas alcoólicas, sendo supervisionados por estes, que só os liberam quando já se reuniu dinheiro suficiente.
- Animação da viagem: nessa prática, possivel somente com calouros e veteranos que se deslocam até a instituição através de ônibus ou veículo similar, os bixos devem se dirigir às janelas do veículo e no momento em que estiverem passando por uma aglomeração de pessoas, gritem frases humilhantes no intuito de chamar a atenção para si.
- Cuspe ao vento: quando o onibus que transporta os veteranos e calouros estiver em velocidade adequada (50-100 Km/h), um veterano deve armazenar grande quantidade de saliva em sua boca. Após, um calouro deve ir a uma janela ao fundo do onibus, enquanto o(s) veterano(s), em uma janela a frente a do calouro, cospem em direçao a sua boca. O calouro que conseguir ingerir TODA a saliva expelida pelo veterano, estará livre dos trotes seguintes.
- Suspensão: praticada normalmente apenas contra calouros do sexo masculino. Geralmente dada como punição por não cumprimento de determinações dos veteranos. Um veterano forte fica atrás do bixo e lhe aplica um cuecão ou puxa a sua calça ou bermuda para cima a ponto de suspendê-lo por completo.
Práticas graves
- Agressão: é a reação a algum calouro que se recuse a se submeter à vontade dos veteranos, que podem "marcá-lo" e tornar sua vida naquela instituição um inferno;
- Provocação de embriaguez: são feitos concursos ou simplesmente força-se o calouro a ingerir bebidas alcoólicas (cerveja, cachaça, vinho, etc.) o quanto puder, ou até o vômito;
- Mastiguinha: força-se o calouro a ingerir comida previamente mastigada por um veterano;
- Reforço (idem): o calouro é forçado a ingerir uma mistura indigesta de ovo, farinha crua, maionese, mostarda, vinagre e até papéis;
- Chispada (em inglês, streaking): o calouro deve correr nu em público, o que pode levá-lo detido à delegacia para prestar esclarecimentos;
- Vômito congelado: os veteranos armazenam vômitos congelados e depois forçam os calouros a ingeri-los;
- Pastinha: o calouro deve passar pasta de dentes no pênis e se masturbar na frente dos veteranos;
- Rolo compressor: o calouro deve rolar nu sobre vários outros calouros, igualmente nus.
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trote_estudantil
Dêem a vossa opinião
sábado, janeiro 06, 2007
A "Espera" ao Carlos ou a fotografia do demo
Tudo começou às 21 horas de quarta feira dia 3 de Janeiro de 2007 quando resolvemos ir buscar o Sr. Carlos Miranda ao aeroporto, é devido a este acontecimento de importância vital para a sobrevivência do planeta caracoleja de cima da Galáxia Ontomina que se vão juntar um grupo de meliantes que rapidamente resolveram deixar para segundo plano o grande objectivo do dia.
“Fôdasse pah, já se fazia alguma coisa de jeito. Vamos jogar um uno para a casa do fred” digo eu. Após esta grande afirmação todos resolvemos mexer o cu dos peões e irmos para a casa do Fred jogar um jogo de cartas extremamente viciante e ridiculamente infantil. As horas foram passando e lá estava na altura de irmos buscar o madeira sem antes um de nós ter um ataque de flatulência, após este ataque esse individuo rapidamente se apercebeu que a Carolina Salgado era uma hipótese fora de baralho para um possível relacionamento. A viagem foi feita de muita cantoria a ouvirmos os sucessos recentíssimos dos silence4. Aquando do meio de uma enorme cantoria eu tenho a grande intervenção do século:”oh fôdasse, onde se ligam os faróis de nevoeiro?”. A partir desse momento calamo-nos todos e o volume da música rapidamente decresceu e ficaram quatro homens de alguma inteligência mas de barriga proeminente a olhar para um tablier desconhecido mas a resposta não apareceu.
Eis que depois de muitos berros do Imã a indicar o caminho chegamos ao aeroporto e aí todos nós nos lembramos da situação caótica que o mundo vive em relação às inúmeras tentativas de ataques terroristas a aeroportos e aviões e pensamos:”bá, vamos ter um comportamento decente aqui e vamos lá portar-nos É então que finalmente sinto um cheiro que rapidamente identificamos como cheiro a queijadas da madeira, começamos a abraçar-nos e a ouvir uma musica que só nós ouvimos (José Cid – Favas com chouriço). O homem sai finalmente da porta de embarque e eu empunhava com satisfação e orgulho o nosso cartaz e não é que o homem dá meia volta e sai pela saída contrária à que nós estávamos. Lá tivemos que o perseguir e demos o habitual cumprimento de regresso:”Madeira queremos queijadas.” Lá comemos as queijadas de forma alarve e após comermos passamos uns 5 minutos em volta de uma balança a tentar arranjar moedas de 50 cêntimos para nos pesarmos, uma ideia que não veio claramente da minha pessoa. Voltamos para o carro abraçados ternamente, oh fôdasse, desculpem lá mas isto não foi desta viagem ao aeroporto mas sim do filme que eu estive a ver à pouco de titulo:”Daqui ao carro ainda levas 3 vezes.”. Lá tentamos arranjar mais queijadas mas o Madeira manteve-se fiel à sua vontade e deixou-nos a penar. Depois de muitas dificuldades em chegar à máquina onde deixávamos o ticket para sairmos do parque rumamos regresso a Braga. Passado um pouco lá voltamos às dificuldades em ligar as luzes de nevoeiro e eis que o Fred revela que era num local idêntico ao do carro dele. Lá quebramos mais um mito e seguimos de forma orgulhosa para casa. Chegamos a casa e lá voltamos ao jogo animado de Uno. A fotografia do Demo deve-se ao facto do Ima ter tentado mandar-me a foto de todas as formas possíveis e a foto simplesmente não queria vir parar ao meu computador. Após muita insistência lá conseguiu hostar a foto no blog e aí tive a ideia de criar este texto infeliz sem qualquer tipo de piada mas com muito amor e muito carinho, ou então não.